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PILÃO ARCADO – BAHIA A HISTÓRIA DE UM POVO
Início 13/11/2020 às 10:00
Fim 30/11/2020 às 00:00
PILÃO ARCADO – BAHIA
A HISTÓRIA DE UM POVO

Pilão Arcado era habitado por índios, uma das principais aldeia ficava situada na atual fazenda Gado Bravo, na época existia um carreiro (estrada), por onde viajavam para o porto principal da pescaria, neste local, esculpiram em um tronco de uma grande árvore , um pilão utilizado na salga dos pescados.

O porto onde residia os moradores na época, tinha um formato de arco, os pescadores utilizavam sempre este porto para a salga do peixe, aproveitando a facilidade de se pilar o sal a ser utilizado, a origem do nome Pilão Arcado, veio deste pilão. e da curva em formato de arco que o rio fazia exatamente naquele ponto. O sítio ficou conhecido como pescaria de Pilão Arcado, que teria passado a vila e a Município mais tarde.

Pela posição geográfica, pela grande quantidade de ilhas, lagoas, e pela fertilidade de suas terras, chegaram famílias de toda parte do Brasil, e do Mundo, dando início a uma importante povoação naquela época, construindo suas residências e formando grupos e familiares naquele local. Há alguns anos, já se tinha um arraial, era exatamente final do Século XVIII, ganhou o estatus de arraial por ordem do vice-rei D. João de Lencastre, com a finalidade dá fim às constantes rapinagens dos índios mocoazes e acoroazes às fazendas de gado da região.

As primeiras famílias a desbravarem a região foram as famílias, Franca Antunes e Guerreiro, todas vindas da Europa, especificamente de Portugal, nas pessoas de Bernardo Guerreiro e Militão de França Antunes, donos de uma linguagem nobre e moderna para aquela época. Eram ricos e exerciam sobre os habitantes do arraial, a mais alta autoridade, chegando a tirania. Na frente da residência da família Guerreiro, fora construída uma cruz de madeira, onde os moradores eram forçados a curvar-se de joelhos, em sinal de submissão e obediência a família Guerreiro. Aqueles que se negassem a tal prática de submissão exigidas pela nobre e poderosa família sofreriam as conseqüências, que ia desde a castigos físicos, podendo serem condenados a expulsão daquela localidade. A poderosa Família, mandou erguer uma capela no local, dedicada a Santo Antônio e elevada à categoria de freguesia, com o nome de Santo Antônio de Pilão Arcado, por Carta Régia de 18 de janeiro de 1771, dez anos mais tarde, em virtude de uma enchente no Rio São Francisco, ruiu a capela de Santo Antônio, sendo substituída pela de Nossa Senhora do Livramento, como sede da freguesia. O arraial foi elevado a Vila, pelo Alvará Régio, datado de 15 de janeiro de 1810. o qual criara também o Município de Pilão Arcado e a Comarca do Sertão Pernambucano, pertencente à Província de igual nome.

A Resolução Provincial nº. 650, de 14 de abril de 1857, transferiu a sede da Vila para o Município de Nossa Senhora do Remanso de Pilão Arcado, e extinguiu o Município de Pilão Arcado. De 1800 a 1808, a família Guerreiro sustentou renhida e sangrenta luta com a família do Comendador Militão Plácido de França Antunes, resultando a expulsão dos Guerreiros. Em 1872, a Resolução Provincial nº. 1797, de 21 de abril, transferiu para a Vila de Remanso a sede da freguesia de Santo Antônio de Pilão Arcado, sendo Vigário na época, o Padre Bernardino Nunes de Almeida, ficando a Igreja rebaixada à categoria de Capela, em 1873, foi construída a Igreja matriz da cidade de Pilão Arcado, pelo Frei Henrique Cavalcante, vindo da cidade de Coimbra em Portugal, em 1887 foi fundado o cartório do registro civil, nesta época Pilão Arcado, era um distrito de Remanso.

Por força da Lei nº. 2.696, de 22 de julho de 1889, foi restaurada a freguesia com o antigo nome de Santo Antônio de Pilão Arcado, sendo o arraial novamente elevado à categoria de Vila, pelo Ato Estadual de 31 de outubro de 1890, restaurou- se o Município com o território desmembrado de Remanso, ocorrido a reinstalação a 30 de dezembro de 1890, em 1893, foi denominada Vila.

Os mais antigos senhores de Pilão Arcado foram os Castelo Branco, que, depois da morte de Dom Félix Castelo Branco, desgostosos com as truculências de Militão, tinham passado a morar em Remanso. Com a retirada dos Castelo para Remanso, Pilão Arcado ficou entregue a Cornélio de França. Com a morte de Militão, os França Antunes se retiraram para Caroá, passando a direção do município às mãos das velhas famílias locais, os Teixeira, Medeiros, Gonçalves e Mariano.

Houve várias revoluções, a maior delas ocorreu em 1918, chefiada pelo Coronel Franklin Lins de Albuquerque e seu adversário António Joaquim Correia de Queiróz, da qual saiu como vencedor o Coronel Franklin Lins de Albuquerque.

Em 1911, na divisão administrativa do Estado, o Município de Pilão Arcado apareceu constituído de distritos; quer seja, Distrito de Pilão Arcado, Distrito de Salinas de Santo Antônio, Distrito de Brejo da Serra e Distrito de Santa Tereza. Em 1918, quando já estava finalizando os vestígios das sangrentas guerras e lutas entre as famílias Guerreiros e Militão, vieram novos atritos entre os Albuquerques e os Queiroz, que vieram intranqüilizar por muito tempo algumas famílias da região. Em 1930, passou a atual cidade a limitar-se com os Municípios de Remanso, Xique Xique, Barra, Sento Sé e o Estado do Piauí. É banhado pelo Rio São Francisco. A área territorial mede 12.121km², e está entre as 20 localidade de maior extensão do Estado da Bahia.

O município sempre foi rico em lagoas piscosas, como: Lagoa do Juá, localizada na Fazenda Gado Bravo, na Lagoa da Salina, situada na Fazenda Brejo da Tabôa (pertencente à Salustiano de Albuquerque Melo) e outros de menores proporções, denominada; Lagoa Danta e Lagoa do Campo. Conhece-se nesta região até hoje diversas ilhas utilizadas para plantações dos lameiros, às margens do Rio São Francisco, era a agricultura combinada: vazante e sequeiro. As mais conhecidas e exploradas são Ilha do Povo, localizada no Distrito de Pilão Arcado, com aproximadamente 300m de comprimento e próxima dos 100m de largura; Ilha das Cobras, no Distrito da Sede, com aproximadamente 500m de comprimento por 200m de largura; Ilha dos Mulatos, com 3.000m de comprimento e 1.500m de largura; Ilha da Barra, mais ou menos as mesmas medidas da Ilha dos Mulatos. Em todas elas acontece o cultivo de produtos agrícolas, como: feijão, mandioca, abóbora, melancia, gerimun e milho. O clima predominante é o clima quente, aliás, em toda Zona do Rio São Francisco. Algumas fontes mostram que a temperatura média em 1956, era na casa dos 32ºc para a temperatura média e 26ºc para a mínima. A precipitação pluviométrica verificada naquele ano foi de 748,2mm, sendo de 3,73mm máximo observada em mais ou menos 24 horas corridas. As riquezas naturais são fontes de esperança para os moradores da região, encontradas na origem vegetal, representada pela Carnaúba, Fibras de Malva, Caroá, Resinas de Jatobá e Trapucá, além da Lenha e madeiras utilizadas nas construções de casas e de outros pertences pessoais. Entre as mais conhecidas tinha o Pau d’arco, Peroba, Jatobás e outros. A flora era composta de muitas espécies e plantas medicinais, cada região seguia suas crenças neste sentido cultural. No reino mineral extraia-se sal, recorda-se aqui a região de Brejo do Zacarias, hoje não é explorado; pedras para construções; argila e areia; a caça era abundante e as lagoas geravam grande quantidade de pescados. Em 1955, a produção agrícola foi medida em C$r 1.600 cruzeiros, destaque para a cana-de-açúcar. Havia também grande produção de feijão, milho, mandioca, arroz, algodão, mamona, gergelim, batatas e outros produtos. A pecuária era importantíssima para a região, sobretudo para alavancar a economia do Município que exportava gado para as cidades co-irmãs Juazeiro na BA, e Petrolina em PE. O efetivo pecuário em 1965, era de aproximadamente 22.000 bovinos, 55.000 ovinos, 55.000 caprinos, 20.000 eqüinos, 56.000 suínos e 1.000 muares. As indústrias da época eram pequenas fábricas de farinha (Casa de Farinha) alambique de aguardente de cana, engenhos de rapadura, além da produção doméstica da manteiga e do requeijão de gado.
Em 1955 o valor da produção industrial não passava C$r 5.000 cruzeiros, sobressaindo à produção de farinha e de rapadura. A população da época era estimada em 17.153 habitantes, sendo 8.481 homens e 8.672 mulheres, quanto à cor, 4.395 brancos, 1.129 pretos e 11.535 pardos. A população de 15 anos ou mais se compunha de 3.603 solteiros; 4.576 casados; e 745 viúvos (as); na Zona Rural residiam 87% dos habitantes. A estimativa da população para 1957 era de 20.000 pessoas.

Haviam também cultos religiosos, o Município já possuía a sede da Paróquia de Santo Antônio de Pádua, e era subordinada eclesiasticamente, à Diocese de Barra. A Paróquia possuía uma Igreja Matriz, 12 Capelas e 02 duas procissões. No entanto, atualmente, pertence à Diocese de Juazeiro na Bahia.
A assistência médica era feita por farmacêuticos, como Dr. Solon Mariano formado pela (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro), e Zuquinha Mariano, Rui Ribeiro e Eunice Queiróz (práticos).
O município chegou a ter um hospital construído pela Comissão do Vale, e funcionou durante alguns anos, com médico é um corpo técnico especializado, mas uma desavença entre uma família local e o médico, levou o profissional a ir embora da cidade, ficando o município a mercê da sorte, ficando o hospital e todos os seus equipamentos abandonados, vindo a ser destruído pelo tempo.
Os partos eram feitos pelas parteiras, como Eunice Queiróz, Maria Parteira dentre outras tantas existentes no município.
Os serviços odontológicos eram atendidos por dentistas práticos, como Eunice Queiróz e sua irmã Pedrina Queiróz.
O município de Pilão Arcado, já foi um grande produtor de cera de carnaúba, carne de charque, plumas de algodão (chegou a ter uma usina descaroçamento), peixe salgado, cachaça, rapadura, peles silvestres (jacaré, gato do mato, teiú, onça), e não região do São Francisco era o grande fornecedor de sal, proveniente do Brejo do Zacarias (Brejo do Sal), e da Vila Saldanha Marinho (Salinas de Santo Antônio).
Um outro produto de exportação do município foram jagunços (homens destemidos e hábeis lutadores), chegando inclusive a serem usados pelo governo da união para expulsarem Luiz Carlos Prestes e seus seguidores (coluna Prestes) do País.
Em Minas Gerais, na região Norte do Estado fez fama Antônio Dó, um Pilão Arcadense que impôs respeito por aquelas bandas pela fama de valente. 
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Ademilde Soeiro, José Augusto Soeiro e outras 267 pessoas
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Comentários

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    Boas as informações, se escreve a história assim, cada um colaborando, e aperfeiçoando ainda mais.
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    Precisa publicar essa história na Wikipédia, há dados incompletos sobre o município de Pilão Arcado.
    .
    Precisamos fomentar o turismo...!!!
     
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    • 3 h
     
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    Linda história da minha cidade bacana ouvi muitas histórias minha vó foi criada pelo Dr Franklin
     
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    Eu estava assistindo o documentário sobre o Velho Pilão Arcado e vi a sepultura do meu parente Militão de França Antunes está intacta. Me emocionei muito. Não tenho coragem de voltar lá pra rever as ruínas é uma coisa muito triste que fizeram com a hi… 
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    Todas essas famílias fizeram a história de Remanso Casa Nova,Sento-Sé,Caroá, Pilão Arcado,foram famílias muito importante na história dessas cidades. Realmente os sobre nomes foram se misturando devido os casamentos. A história dessas famílias estão na… 
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    Eu sou uma França Antunes, nascida em Sento Sé ,tenho muito orgulho da história da minha família. A família França Antunes e a Família Guerreiro, foram os fundadores do Pilão Arcado.
     
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